As crises são más, mas também tem o
seu lado bom. Uma das coisas boas que têm, é a de limpar o mercado
de certas (pseudo) empresas e empresários.
O caso mais emblemático foi a queda do
Ricardo Salgado (e Comp. Lda) e do seu império. Não era por acaso
que era conhecido pela sigla do DDT (Dono Disto Tudo). Não havia
grande negócio em Portugal, que de forma directa ou indirecta, não
tivesse lá a sua mão. Não havia governo que não tivesse um ou
mais membros oriundos da sua coutada ou da sua rede de influencia. O
seu estatuto permitia-lhe frequentar os salões da realeza europeia,
relacionar-se com o mundo da alta finança, a ter sempre a porta
aberta dos gabinetes dos ministérios e ter certos jornalistas ao seu
serviço. Fazia e dava a fazer bons negócios, como patrão
granjeava da simpatia dos sindicatos e era um bom mecenas. No entanto
bastou apanhar um primeiro ministro e uma ministra das finanças que
se recusaram a avalizar um empréstimo da CGD de 2.500 mil milhões
de euros e foi o que se viu. Aquilo que parecia ser um grande
império, não passava de um monte de empresas, quase todas falidas e
que viviam à custa das poupanças de muitos incautos clientes que
pensavam estar a fazer investimentos seguros e rentáveis.
Mas se este tinha um estatuto a nível
nacional, e a nível local também temos algum DDT?
Há quem diga que sim.
Dizem-me que também temos à nossa
dimensão, um Dono Disto Tudo.
Dizem-me que temos um DDT que de forma
directa ou indirecta controla instituições que movimentam muitos
milhões, empregam muitos trabalhadores e que por isso tem grande
influencia na economia local. Dizem-me que na política joga em mais
que um tabuleiro e tem sempre a porta aberta na sede do município
para influenciar decisões e aconselhar nomes. Dizem-me que é tão
DDT que até nomeia familiares directos para altos cargos das
instituições que controla e que não lida muito bem com um não ou
com uma discordância.
Só não me dizem, se tal como o
Ricardo Salgado o nosso DDT tem “pés de barro”.
Mas afinal quem é o nosso DDT?
Ora bolas!! Não me querem dizer…