Ontem almocei com um amigo de longa data. Chama-se António e são
daquelas amizades que mantenho com base nas novas tecnologias de comunicação,
complementadas de tempos a tempos à mesa, de preferência com uma
travessa de leitão e um bom espumante fresco, num dos restaurantes da Mealhada
(segundo ele, não vem à Mealhada só para me ver).
E quando isso acontece é para mim uma grande satisfação porque além de o
rever, aprendo mais com ele durante a refeição do que em muitas formações e
livros de grandes gurus.
O Antonio para muitos será um empresário, mas para mim é muito mais do que
isso, é um inventor, empreendedor e realizador de sonhos.
Iniciou a sua atividade profissional, logo após terminar com boas notas o
curso de direito, numa multinacional de consultoria e passados dois
anos foi convidado para diretor de uma companhia de seguros, onde esteve perto
de cinco anos, dois em Portugal e os restantes na Suíça. A companhia
acabou por ser adquirida por uma congénere e ele entre ter que
aceitar o convite dos novos patrões para ir para um país da América Latina ou
negociar a sua saída, optou pela segunda hipótese e rumou a Lisboa.
Embora com vários convites de trabalho com bons ordenados e regalias, optou
por pôr em prática os conhecimentos adquiridos em beneficio próprio.
Adquiriu um pequeno restaurante numa zona velha de Lisboa e esfalfou-se durante
dois anos, trabalhando doze a dezasseis horas por dia, os sete dias da semana,
para rentabilizar o investimento. Passados quatro anos após o início da sua
aventura na restauração tinha um dos restaurantes mais in de
Lisboa e tinha mais três fast-food em
centros comerciais, onde iniciou um novo conceito de alimentação e empregava ao
todo 28 pessoas.
Vendeu os negócios da restauração por uma pipa de massa a um grupo de
investidores, que entretanto desenvolveram o negócio que hoje é uma marca
conhecida e está presente em quase todos os centros comerciais.
Com parte do capital ganho, rumou com a noiva para o nordeste brasileiro
onde comprou uma estalagem meia abandonada à beira-mar e com uma grande
extensão de terreno.
Após reabilitar a estalagem e plantar grande parte do terreno com árvores
de frutos tropicais, diz ele que pouco ou nada fazia, só mandava fazer. Andou
mais de um ano de calções e t-shirt,
e os dias eram invariavelmente a pescar, a namorar, a passear de jeep, a
namorar e pouco mais. No entanto continuava a prosperar, de tanto namorar, a
noiva engravidou, e os negócios da estalagem e da fruta evoluíram de
tal maneira que entre arranjar alguém para o ajudar ou vender, optou
novamente pela segunda hipótese. Despachou a estalagem a um clube de
férias inglês e as frutas a um fazendeiro vizinho. Mais uma vez realizou um
grande lucro, mas desta vez, segundo o próprio, sem grande esforço.
Parte dos reais foram para comprar uma casa à beira mar, próxima da estalagem
onde viveu aproximadamente quatro anos e para onde ruma para passar férias duas
vezes por ano.
Regressou a Portugal, matriculou-se num mestrado de gestão e enquanto
estudava fazia uns part-times na empresa de consultoria onde iniciou a sua atividade
profissional.
Com o mestrado concluído e sem saber ao certo o que fazer como ele, dedicou
algum tempo a visitar grandes cidades europeias para ver as modas. Fruto da
pesquisa que fez e mais pelo que viu, arriscou no que à partida parecia o negócio
mais improvável. Criou e montou um negócio de exterminar pêlos.
Começou por uma "clinica do pêlo" na zona de Alvalade e passados
três anos, tem quatro por sua conta e mais onze espalhadas pelo país,
franchisadas. Segundo ele é um negócio que não para de crescer. Inicialmente
tratava de eliminar pêlos em certas partes do corpo a mulheres e agora elimina
pêlos ao corpo inteiro a mulheres e homens.
Deu-me agora a notícia que está em vias de vender o negócio, com uma grande
mais-valia, a uns investidores africanos que estão apostar forte em negócios de
moda.
Mas afinal qual é o teu segredo para o sucesso nos negócios?
Simples, nunca olho para
o negócio numa perspetiva de autoemprego, tudo o que faço é numa perspetiva de
lhe acrescentar valor, reduzo os custos fixos ao mínimo e o máximo aos custos
variáveis, muito, mas muito seletivo na escolha dos recursos humanos e premeio
sempre os colaboradores que me ajudam a obter os objetivos previamente
planeados. Complemento tudo com boa disposição, empreendorismo e uma boa dose
de inovação.
Por muitas voltas que o
mundo dê as pessoas necessitam e vão continuar sempre a necessitar de comer,
vestir, e principalmente de sonhar. Se conseguires uma maneira melhor e
diferente de as satisfazer estás sempre safo.
Até parece fácil!