Converti-me ao ateísmo porque sou de facto ateu.
E afirmo-o não com orgulho, como o Sr. Dr. Mário Soares, como se isso
represente algo de superior, por não estar sujeito ou subjugado a qualquer
crença que não seja a liberdade de pensamento.
Fui como quase toda a gente que me rodeia baptizado e casado pela
igreja, educado no seio de uma família católica, com uma pratica
q.b.
No entanto, talvez por ter sido sempre um pouco rebelde e do
contra, nunca levei a questão muito a sério e com o tempo as muitas
certezas que me tentaram impor tornaram-se em dúvidas, muito duvidosas.
Francamente tenho pena em não acreditar e praticar uma religião, porque se
assim fosse seria com certeza muito mais livre de dizer e fazer algumas
maldades a certas alminhas que gravitam no meu universo.
Tenho alguma inveja dos que acreditam e que utilizam a religião como um
caminho e uma protecção das suas condutas diárias.
Não vejo nisso nenhuma falsidade, se acreditam é porque alguma razão têm para isso.
Não vejo nisso nenhuma falsidade, se acreditam é porque alguma razão têm para isso.
O facto de acreditarem que há alguém ou algo superior que os vai perdoar,
nem que seja a troco de pesadas penitencias, permite sem dúvida, uma maior
liberdade de errar ou de fazer mal, mesmo que o façam conscientemente, porque
sabem, mesmo que inconscientemente, que tem a almofada da sua crença.
O justificar os imponderáveis como uma vontade de Deus também reconforta.
Só por esta razão de ideias é que consigo compreender certos actos,
atitudes e comportamentos de certos indivíduos. Não tivessem eles uma certa anuência e o perdão da
religião com certeza teriam outra postura e outro tipo de comportamento perante os seus semelhantes.
Note-se que não há conhecimento de nenhum mafioso ateu, todos os mafiosos
que se prezam são muito crentes em Deus.
Resumindo, pura e simplesmente não acredito que haja algo para além da morte, tenho a
certeza que irei para o mesmo lugar de onde vim, para nenhures.
Por isso concordo com quem escreveu que "a religião é um
estratégia para fingir que a morte não existe" e por isso, digo eu, os
julgamentos devem ser feitos em vida e pelos vivos.
Sem comentários:
Enviar um comentário