O trabalhar numa organização que está espalhada por quatro continentes dá-me
uma percepção de quão diferente são certas culturas. Ao contrário do pensamento
corrente de que as Tecnologias de Informação irão a curto prazo unificar
culturalmente os povos, até existe uma corrente que afirma que o mundo
tem tendências a ocidentalizar-se, eu penso e tenho
essa experiência, que as novas tecnologias servem é para acentuar as
grandes diferenças que existem entre as várias culturas e subculturas dos
vários povos que habitam o nosso planeta.
Por exemplo tentem trabalhar, mesmo que à distancia como foi o meu caso,
com um indiano que na sua maioria são crentes no hinduísmo. Para nós ocidentais
o tempo é um dos bens mais precioso e escasso, para eles que acreditam na
reencarnação, o tempo é uma coisa relativa ou seja acreditam que se não o
fizerem nesta vida terão oportunidade de o fazer numa próxima.
Um colega que lá se deslocou, foi convidado para um almoço
de negócios, que ao contrário dos nossos costumes, foi realizado em casa
do anfitrião com toda a sua família e perguntaram-lhe se não tinha
uma foto da família para mostrar. Para eles a família é
importante, um pilar fundamental na sociedade e não são dados a grandes
individualismos. As grandes decisões são tomadas com o consenso
da família ou do grupo onde estão inseridos. As pessoas mais velhas
são respeitadas e as suas opiniões tidas em consideração.
Mas se nos virarmos por exemplo para a Finlândia é tudo
precisamente ao contrário. São de uma frieza estrema, o chegar atrasado uns 3
minutos é o suficiente para que uma reunião marcada com um mês
de antecedência já não se realize, e o facto de o voo se ter
atrasado, não é desculpa porque como foi explicado a um colega, "se era
tão importante porque é que não veio no voo anterior".
São pouco dados a grandes intimidades e não gostam de ser tocados, pelo que
para não sermos mal-educados devemos manter sempre uma distância do nosso
interlocutor de mais ou menos um metro e meio.
Perguntar pela família é encarado como um abuso e invasão à
privacidade.
Por isso, quem tem que tratar de qualquer assunto com pessoas de outras
culturas deve previamente informar-se do que pode ou não fazer, para não
acontecer o mesmo que um amigo empresário aqui da região de Coimbra que
estragou um possível negocio, por simplesmente ter cruzado as pernas
quando falava sentado de frente para 3 empresários da Arábia Saudita,
nuns sofás de um hall de entrada num hotel em Lisboa.
Os árabes que tinham vindo a uma feira a Lisboa, levantaram-se num ápice a
resmungar, e o meu amigo que tinha tido um imenso trabalho diplomático para os
convencer a escuta-lo, para uma possível parceria, ficou assarapantado sem
saber o que tinha dito de errado.
Só veio a saber mais tarde que nunca e em circunstancia alguma,
se deve mostrar a parte debaixo do pé a um árabe, que para eles é um dos
maiores insultos e de forma alguma tolerado.
Sem comentários:
Enviar um comentário