Logo após ter publicado o anterior post calhou-me em leitura a ultima publicação da Câmara Municipal, onde o ainda actual Presidente Professor Carlos Cabral escreve o seu ultimo editorial naquela publicação.
Lá chama atenção para o trabalho desenvolvido durante os seus mandatos e que espera que sejam perpetuados. O discurso é igual a quase todos que são escritos por todos os autarcas do nosso país. Obra, obra e obra.
Constantemente somos forçados pelos autarcas deste país a ouvir a importância das suas acções, o seu contributo para o desenvolvimento do país e consequentemente para a qualidade de vida dos seus munícipes.
Frequentemente e ultimamente ainda mais, pergunto:
Se assim é, porque é que o país está como está? Não temos todos os motivos para andar felizes da vida? Porque é que nos queixamos tanto dos políticos e das suas politicas?
Mete-me uma certa confusão a retórica de que são os melhores gestores e em nada contribuiriam para o estado das finanças publicas. É de resto uma atitude transversal a toda a sociedade, todos andam descontentes, todos tem a noção que se tem que poupar, racionalizar, mas ninguém abdica o seu quinhão e a solução da crise está sempre na subtracção de algo de outrem.
Remetendo o assunto para o nosso concelho é de fácil conclusão que após a instauração da democracia muito foi feito, mas quase tudo com a grande ajuda de fundos disponibilizados pelos nossos parceiros europeus.
Além das infraestruturas básicas que já as damos como adquiridas e raramente nos lembramos da sua importância, temos infraestruturas desportivas espalhadas por todo o concelho na sua maioria desaproveitadas e com um uso abaixo da frequência dos cafés das localidades onde foram edificadas.
Estamos em vias de ter um parque escolar moderno muito diferente daquele que frequentei que era frio e desconfortável, mas que em breve será desajustado porque as maternidades teimam em não produzir o suficiente e não vai restar outra opção que não seja a já adoptada pela EPVL, que é importar alunos dos PALOP.
Vamos ter muitos espaços verdes, mas ás moscas e com os respectivos edifícios de restauração abandonados por falta de quem os consiga explorar.
Na biblioteca vamos continuar a ver os mesmos que aproveitam as leituras dos jornais, livros e o visionamento de filmes de borla e por isso deixam de contribuir para as caixas registadoras dos cafés, papelarias, livrarias e clubes de vídeo que entretanto já fecharam.
Vamos a continuar durante muito tempo a ter câmara municipal como a maior entidade empregadora porque é necessária muita gente para manter tudo isto em funcionamento.
Se olharmos para a dimensão dos bens públicos do concelho e os replicarmos pelo país e acrescentarmos outros ainda mais onerosos que estão instalados nos grandes centros e as infraestruturas rodoviárias espalhadas pelo país, podemos ficar com uma noção da dimensão da pipa de massa que é necessária só para as mantermos em stand-bay e/ou em pé.
Muitos dirão que tenho uma visão derrotista, neo-liberal ou o que lhe queiram chamar, mas acreditem que não sou contra estas construções, embora possa ter opiniões diferentes nalgumas opções, eu sou é contra o facto de que todas estas obras publicas não serem construídas em consonância com outras obras e acções que promovam o desenvolvimento económico que garantam receitas necessárias para as manter.
Não é por acaso que volta e meia aterram na Portela uns gajos de fato e gravata que vem substituir os calços dos travões do nosso suposto desenvolvimento.
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