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sábado, 17 de agosto de 2013

Descompliquem


Nunca fui, não sou e não quero ser um daqueles intelectuais que fazem grandes discursos cheios de metáforas e escrevem coisas só possíveis de se perceber com consultas a um dicionário e/ou uma enciclopédia.

Por isso fujo de certo tipo de arte.
Sinceramente para mim é uma perca de tempo estar a tentar perceber o que um qualquer lunático quer comunicar, quer seja na escrita, pintura, escultura, cinema e afins.

Penso que nos dias de hoje ninguém se atreve a escrever uns Lusíadas, porque o pessoal tem mais que fazer e muito menos paciência para se meter em tal aventura. Esta como outras grandes obras só foram feitas porque o pessoal na altura não tinha mais nada que fazer e tinham que matar o tempo de alguma maneira.
Hoje quando se quer escrever algo mais complicado faz-se umas palavras cruzadas no jornal.

Não é que tenha qualquer coisa contra os intelectuais, porque até admiro (alguns) os verdadeiros, o que me provoca uma certa urticaria são os que tem a mania que o são e não passam de uns analfabetos (como eu) mas convencidos de que pertencem a algum clube de pensadores elitistas.

O homem tem evoluído (e bem) no sentido de eliminar o que não interessa e tem criado ferramentas para tornar a vida mais fácil, por isso não faz qualquer sentido fazerem-nos perder tempo.
Quem quer comunicar algo que o faça de forma rápida e compreensível.

E toda esta lenga-lenga para enquadrar o seguinte:

1º situação:
Recentemente, por mero acaso (e também por curiosidade), assisti num tribunal à leitura de uma sentença (não sei se será este o termo jurídico correcto).
O juiz esteve aproximadamente meia hora a ler o documento, debitando um palavreado cheio de legislação, numa entoação agressiva, pelo que pensei que o réu iria bater com o costado nos calabouços da penitenciaria durante uma boa temporada. A leitura foi de tal modo longa que a partir de certa altura deixei de tentar perceber. Para mim, e aparentemente para quem assistia ao ritual, o juiz estava a falar em latim ou numa outra língua esquisita
Quando acabou a leitura, deu a sessão como encerrada, levantou-se e foi-se embora (aparentemente não havia direito a perguntas).
Para tentar perceber a conclusão daquele palavreado todo, fintei o réu que que estava com uma cara de palerma e de varias cores, e só normalizou quando o seu advogado com um aperto de mão lhe disse que desta ele estava safo.

Pergunto, não seria mais pratico e rápido, o juiz ter dito logo qualquer coisa como:
"Sr. fulano tal" pelo que fez o sr. devia ir para a pildra durante x anos, mas como é um gajo porreiro, desta vez a coisa passa, mas para a próxima a coisa fia fino.
Agora ponha-se andar e não o quero ver mais aqui"? 

2º situação:
Recebi esta semana uma resposta das Finanças a um pedido que fiz por escrito e entreguei em mão na repartição da minha área de residência. Saliento o facto de o meu pedido ser expresso numa frase de 3 linhas que ocupava uma parte insignificante de uma folha A4.

Obtive como resposta uma carta de 2 folhas A4, cheia de palavreado que me remetia para uma serie de decretos-lei e portarias.
Li e voltei a ler e fiquei a saber o mesmo.
Não tive outro remédio que me pôr a caminho e ir à repartição ouvir de viva voz, algo que fosse perceptível pelo meu burro e cansado cérebro.

Teria sido muito mais fácil o Dr. que escreveu a missiva ter escrito:
Meu caro contribuinte ou paga a bem ou paga a mal.

3º situação e ultima:
Remete-me para os cronistas de serviço do nosso Jornal da Mealhada.
Não sei se por serem sempre os mesmos ou os temas serem invariavelmente sempre os mesmos, a cada edição fico sempre na duvida se já não li a mesma cronica em anteriores edições.
Para demonstrarem o asco que tem aos políticos que nos governam e/ou estão na oposição, usam uma escrita cheia de adjectivos complicadissimos e de um cinzentismo atrós. Chego a temer pela saúde mental de quem escreve aquelas cronicas. Para eles está tudo uma desgraça, a cada esquina existe um  politico corrupto, na assembleia da republica existem mais ladrões do que na penitenciaria de Coimbra e por ai adiante...

Penso que seria mais simples que escrevessem que os políticos "Tal, e tal e tal" são uns corruptos e ladrões, e por isso deviam ir todos para o carl***** e levar no c*.

Por favor não compliquem o que é simples.

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