É da minha família e vou chama-lo de primo Afonso (para não lhe chamar um nome feio).
O meu primo (afastado) Afonso nasceu por aqui nos anos 40 do século passado e (diz ele) para fugir à guerra colonial, cedo rumou para as Américas.
Por lá andou ate se radicar nos Estados Unidos perto de New York para onde chamou a mulher depois de se casar por correspondência. Constituiu família e por lá foi ficando.
Frequentemente e normalmente pela altura das festas da sua terra natal vinha passar por cá uns dias, onde massacrava a família e amigos com as virtudes da terra do tio Sam, fazendo parecer que por cá vivíamos no terceiro mundo, tal era o nosso atraso em relação a sua terra de acolhimento.
Embora já reformado nunca pensou regressar a sua terra e na ultima vez que esteve cá por casa no verão de 2007, passou o jantar a dizer raios e coriscos de Portugal, com grande destaque para a nossa classe politica portuguesa "uma cambada de corruptos e mafiosos". Não havia nada como os Estados Unidos para se viver.
Mas aparentemente a vida dá umas grandes voltas e à questão de 3 anos foi diagnosticado uma doença oncológica à esposa, que a tem obrigado a complicados tratamentos médicos que rapidamente esgotam o plafon do seguro de saúde americano e que logo no primeiro ano de doença obrigaram-no a um desembolso de mais de 100.000 dólares.
Ouvi uma vez alguém dizer que "a vida humana não tem preço, tem é um custo" e deve ter sido isso que o meu primo deve ter sentido nas suas poupanças.
E vai dai, toca a arrumar a trouxa, toca de mandar às favas todos os benefícios que a terra do tio Sam lhe proporcionava e toca de regressar à sua parvónia e resguardar-se no nosso (e aparentemente de toda a gente) Sistema Nacional de Saúde.
Hoje, bem cedo encontrei-o no café com mais dois reformados, a fazer couro de protestos contra o governo por quererem vender umas obras do famoso pintor catalão Miró.
Aparentemente parece que o meu primo já foi contagiado pelo síndroma daqueles que pensam que o dinheiro se reproduz sozinho e por obra e graça do Ministério das Finanças.
Não há pachorra!!
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