Páginas

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mais um Marreta.

É da minha família e vou chama-lo de primo Afonso (para não lhe chamar um nome feio).

O meu primo (afastado) Afonso nasceu por aqui nos anos 40 do século passado e (diz ele) para fugir à guerra colonial, cedo rumou para as Américas.

Por lá andou ate se radicar nos Estados Unidos perto de New York para onde chamou a mulher depois de se casar por correspondência. Constituiu família e por lá foi ficando.

Frequentemente e normalmente pela altura das festas da sua terra natal vinha passar por cá uns dias, onde massacrava a família e amigos com as virtudes da terra do tio Sam, fazendo parecer que por cá vivíamos no terceiro mundo, tal era o nosso atraso em relação a sua terra de acolhimento.

Embora já reformado nunca pensou regressar a sua terra e na ultima vez que esteve cá por casa no verão de 2007, passou o jantar a dizer raios e coriscos de Portugal, com grande destaque para a nossa classe politica portuguesa "uma cambada de corruptos e mafiosos". Não havia nada como os Estados Unidos para se viver.

Mas aparentemente a vida dá umas grandes voltas e à questão de 3 anos foi diagnosticado uma doença oncológica à esposa, que a tem obrigado a complicados tratamentos médicos que rapidamente esgotam o plafon do seguro de saúde americano e que logo no primeiro ano de doença obrigaram-no a um desembolso de mais de 100.000 dólares.

Ouvi uma vez alguém dizer que "a vida humana não tem preço, tem é um custo" e deve ter sido isso que o meu primo deve ter sentido nas suas poupanças.

E vai dai, toca a arrumar a trouxa, toca de mandar às favas todos os benefícios que a terra do tio Sam lhe proporcionava e toca de regressar à sua parvónia e resguardar-se no nosso (e aparentemente de toda a gente) Sistema Nacional de Saúde.

Hoje, bem cedo encontrei-o no café com mais dois reformados, a fazer couro de protestos contra o governo por quererem vender umas obras do famoso pintor catalão Miró.

Aparentemente parece que o meu primo já foi contagiado pelo síndroma daqueles que pensam que o dinheiro se reproduz sozinho e por obra e graça do Ministério das Finanças.

Não há pachorra!!

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...