Sou e parece que sempre fui um gajo rico.
Não herdei nenhuma fortuna e também não devo ter a sorte de ter um
desconhecido que me vá deixar uma pipa de massa.
O que tenho foi tudo fruto dos meus rendimentos dos trabalhos que fui
desenvolvendo sempre (repito e sublinho, sempre) foram declarados e por isso
sempre tive que os dividir com os diversos ministros das finanças.
Nunca tive, para muita pena minha, a possibilidade de adquirir um Ferrari,
uma penthause e muito menos uma casa de férias. As viagens que fiz pelo mundo
foram feitas sentado em frente ao computador e as poucas que fiz "in
loco", na maior parte das vezes foram à boleia das actividades que desenvolvo,
mas no entanto contribui com algum, para o Mário Soares e companhia darem umas
voltas ao mundo.
No entanto parece que sou um gajo rico.
Todos os meses contribuo com uma pipa de massa para o fandango publico
e quando preciso de alguma coisa, como sou rico não tenho direito a isenções e
arroto como se os meus rendimentos não tivessem fim. Aconteceu e acontece,
quando preciso de acorrer à saúde, educação, justiça, serviços sociais,
etc.
Descontam-me antes e pago depois, é uma festa.
Mas afinal o que é que é ser rico?
Preciso de saber para saber se de facto sou rico. É que não me parece.
Sou mais rico do que aqueles que recebem subsídios estatais e
tomam o pequeno-almoço na pastelaria, descansadinhos e se espreguiçam por ai ao
sol a coçar a micose?
Sou mais rico do que aqueles que não podem pagar mais do que uma renda de
20,00€ por mês mas tem dinheiro para ter TV por cabo que é mais cara do que a
renda?
Sou mais rico do que alguns ditos empresários que se passeiam em topos de
gama e que declaram ordenados miseráveis?
Sou mais rico de que um empresário de restauração do concelho (e que não
deve ser caso único) que se faz transportar de uma bomba e que até a empregada
de limpeza da sua linda vivenda, consta da folha de pessoal do restaurante e que
pelos rendimentos declarados consegue que o seu
filho universitário tenha uma bolsa de estudo?
De uma coisa é certa, para os sucessivos governantes da nação sou
considerado um gajo rico.
A coisa chegou a um ponto, que se somar o que me é deduzido ao ordenado ao
que pago de IVA nos bens ou serviços que consumo, mais de metade do que ganho
vai para a tesouraria pública. Quanto mais se ganha mais se desconta e quanto
menos se ganha mais se recebe de ajudas, subsídios e outras benesses.
Para onde caminhamos?
Provavelmente para uma ditadura dos ditos pobres (mas de espírito).
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