Centro comercial, +/- 18
horas, loja da Zara, aguardo que a minha esposa decida a cor da blusa que vai
comprar. Azul-celeste, azul-marinho ou azul-turquesa? Eis a dúvida.
Relativamente perto, uma
grande senhora (coisa para cima dos 120
kg ) vasculha um monte de camisolas de malha num expositor
com vestuário em fim de estação e em
promoção. Aparentemente também
indecisa quanto à cor a levar. Já com um casaco na mão, faz sinal a uma
funcionária que prontamente larga o que estava a fazer e se lhe dirigiu. Sem
dar tempo á cliente de abrir a boca, diz-lhe “minha senhora nesta
loja não vai encontrar roupa para o seu tamanho.”
Prontamente a senhora
arremessou o casaco para o expositor e saiu da loja (presumo eu) para nunca
mais voltar.
A funcionária voltou às
suas tarefas, com cara de dever cumprido, o que demonstra que foi ensinada para o que devia fazer, mas ninguém lhe ensinou o que não devia fazer.
Mas agora não me apetece
debruçar sobre a temática de atendimento ao público, inquieta-me sim a paranóica falta de visão do comércio em relação ao cliente ou potencial cliente XXXL.
Os gordos, obesos ou o
que lhes queiram chamar, representam uma grande fatia da população. Por norma
nos gordos habitam pessoas bem-dispostas e muito sociáveis, ao contrário dos
magricelas.
Segundo dados de 2006,
seriam quase um quarto da população portuguesa e com tendências para aumentar,
ou seja um grande nicho de mercado. São muitos e às toneladas, bastou dar uma
volta ao centro comercial para confirmar a enorme quantidade de gente de peso
que por lá circulava. Mas nas montras não vi um único manequim XXXL.
O que é que o comércio de
bens e serviços tem para lhes oferecer?
Tudo o que eles quiserem
para emagrecer!
Mas se eles não quiserem
emagrecer?
Existe alguma legislação
que proíba ou condicione uma pessoa ser gorda?
Se me apetecer engordar
até aos 150 kg e ter um diâmetro de 5 metros, não posso?
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